Ao redigir uma peça processual, muitos candidatos caem na armadilha do juridiquês. Após longos 5 anos de faculdade, imerso em brocardos jurídicos ao longo da sua formação, é difícil “virar a chave”. O que o candidato deve levar em consideração é que o domínio do juridiquês não é um critério de avaliação da sua peça de segunda fase.
Foque no que importa
O avaliador ao examinar a sua peça processual seguirá um script pré determinado. Você deverá ser avaliado inicialmente por elaborar a peça correta, o domínio da língua portuguesa e primordialmente, o seu domínio em relação aos institutos jurídicos necessários para dar resposta ao caso concreto proposto.
Um uso correto da língua portuguesa agrega mais valor à sua peça do que acrescentar o juridiquês em cada linha dos seus argumentos. Não estamos falando aqui de que é vedada a utilização dos brocardos jurídicos, no entanto a orientação é que o seu uso seja natural, para que não se transforme num instrumento de enfeite do texto.
Escreva um texto para o século XXI
Por um longo período os advogados se dedicaram a redigir longas e detalhadas peças processuais. Não raro, muitos dos grandes escritores brasileiros tiveram seu percurso académico nas faculdades de Direito. Isso criou um hábito bastante enraizado de se alongar em demasia, extrair do dicionário os termos mais rebuscados, utilizar tanto latim no texto que algum desavisado pode pensar que é uma bula papal.
Se ponha no lugar do avaliador
O que o momento atual pede é objetividade. Faça o exercício mental, de se imaginar como corretor de prova. Você teria mais facilidade de avaliar um texto enxuto e objetivo, ou um texto demasiadamente longo e quase ininteligível depois de tantos termos rebuscados? Creio que a maioria se identifica com a primeira alternativa. Novamente, não estamos falando aqui de um texto raso, e que corte pontos importantes simplesmente em função de reduzir o tamanho do texto.
Fazendo as pazes como juridiquês
Faça uso do juridiquês de maneira natural, trazendo só termos onde estes sejam pertinentes. Objetividade é importante. Redigir os fatos de maneira lógica e objetiva, trazer os argumentos jurídicos de forma clara, de modo que o corretor identifique com facilidade as fontes do direito que estão sustentando a sua peça. Ao final, leia a peça e tire as suas próprias impressões, sobre trechos que estão complexos demais ou de difícil compreensão.