Certamente, você que nos lê neste domingo, pode e deve dizer “Minha mãe é advogada”. Sim, eu acredito que todas aquelas mulheres, dotadas da bênção da maternidade e de criar seus filhos, são advogadas. Até mesmo aquelas que nunca sentaram em um banco da faculdade de Direito. Principalmente essas, eu diria. Ser mãe, além de amar muito, é preciso ter equilíbrio, sabedoria, atenção, paciência, senso de justiça, diálogo. Some-se a isso outras tantas centenas de características comuns aos juristas que ganham a vida operando nos diversos ramos do Direito. Sim sim, minha mãe foi a ais brilhante operadora do direito que eu já vi trabalhar, em casa, sem nunca ter feito faculdade.

    Minha mãe é advogada

    “Direito Maternal”. Neste tema, a mãe já nasce especialista. Ao se tornar mãe, adquiri diploma de mestrado e ao longo da vida vira doutora. Criar os filhos da melhor forma possível exige um gigantesco conhecimento jurídico, acreditem. Sendo mãe, o diferencial está justamente na perfeição de saber usar a sabedoria em perfeito equilíbrio com o amor. É ter a firmeza necessária para educar ou dizer não, aliada a ternura para transformar os erros em lições para a vida.

    Direito de família

    Neste ramo, aí sim, quem manda são a mães. Não tem erro. As primeiras aulas que tive de direito me foram dadas por minha mãe, que nunca se formou numa faculdade. Era com ela que eu conseguia um “habeas corpus” para ficar na rua até mais tarde. Era ela que, magistralmente, solucionava e mediava os conflitos entre eu e meus irmãos. Era ela que aplicava uma “pena”, um castigo merecido, ao mesmo tempo em que tentava fazer do “cárcere” uma passagem pedagógica. Quem nunca viu isso na advocacia?

    Direito do trabalho

    A recente reforma trabalhista jamais vai mudar as regras de trabalho determinadas por uma mãe dedicada. É a mãe quem exerce os primeiros temas do Direito do Trabalho. Com ela, aprendemos a bater o ponto em nossas obrigações. A fazer hora extra para poder merecer algum privilégio a mais. É a mãe quem garante o direito de nossas férias ou a folga “remunerada” aos finais de semana. Tudo isso dentro de um instinto materno que se aproxima muito do raciocínio jurídico e senso de justiça, tão comuns aos bons juristas.

    Hermenêutica materna

    Como uma juíza, a mãe governa o tribunal familiar e, naturalmente, torna-se também assistente de defesa e acusação. Minha mãe era o próprio poder judiciário. Ela era o meu STF, a instancia máxima de minha criação. Pena que, no meu caso, ela atuou pouco aqui na terra. Todos nós já tentamos contestar um “mandado maternal” ou reverter uma decisão decretada por nossas mães. Mas a “Hermenêutica materna” sempre prevalece. É tramitado e julgado, sem chance de recursos.

    Texto dedicado a todas mães, principalmente as guerreiras que enfrentam a prova OAB ao mesmo tempo em que amam os seus filhos.

     

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